CIRAC - Cartas de Inundação e Risco em Cenários de Alterações Climáticas (2014)
A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) desenvolveram, em 2014, um projeto que foi considerado de inegável interesse para a sociedade portuguesa denominado Cartas de Inundações e de Risco em cenários de Alterações Climáticas (CIRAC).
Existe um consenso científico de que as alterações climáticas provocadas pela intensificação do efeito de estufa causada por algumas atividades humanas se agravarão ao longo do século XXI. Sabemos, pois, que teremos de adotar medidas de adaptação e de mitigação para minimizar os efeitos adversos das alterações climáticas e prevenir o agravamento das suas consequências para a população e para a economia.
A União Europeia, pela Diretiva 2007/60/CE, de 23 de outubro de 2007, transposta para o direito interno português pelo Decreto-Lei 115/2010, de 22 de outubro, estabelece um quadro para a avaliação e gestão dos riscos de inundações, que os estados membros devem seguir, assumindo relevo a necessidade de "elaboração de cartas de zonas inundáveis e de cartas de riscos de inundações indicativas das potenciais consequências prejudiciais associadas a diferentes cenários de inundações".
Em Portugal, as inundações são responsáveis por perdas avultadas, esperando-se ainda alterações significativas nos regimes de precipitação, frequência e intensidade de fenómenos meteorológicos e climáticos extremos, tais como eventos de precipitação intensa em períodos curtos.
Portugal, devido às suas características, está muito exposto ao risco de cheias e não tenhamos dúvidas de que o nosso território sofrerá danos significativos causados por este risco.
Nos últimos 40 anos, observou-se uma tendência de diminuição da precipitação média anual e de aumento da variabilidade da precipitação acumulada no inverno, com maior frequência de invernos secos e de invernos chuvosos. Os cenários climáticos regionalizados para Portugal, obtidos por meio de modelos climáticos, indiciam a tendência de aumento do número de dias com precipitação acumulada diária superior a 50 mm no norte do país até 2100.
Também a subida do nível médio do mar, que resulta das alterações climáticas, contribuirá para um aumento significativo da frequência e intensidade de cheias de origem marítima. Devido à enorme complexidade dos fenómenos envolvidos, as opiniões dividem-se no que respeita aos ritmos da evolução do nível médio do mar e respetiva magnitude. Mas não falta na comunidade científica o consenso de que o nível médio do mar continuará a subir no século XXI, o que afetará com especial intensidade o território português, dada a sua extensa orla marítima.
Atendendo ao elevado número de situações de cheia e inundações registadas, os dois principais centros urbanos, Lisboa e Porto, foram analisados com maior detalhe, assim como Algés, Vila Nova de Gaia e Coimbra.
O CIRAC permitiu a avaliação de risco, mediante a disponibilização de índices que possibilitavam aferir diferentes tipos de vulnerabilidade que auxiliam os stakeholders na tomada de decisões estratégicas.
O CIRAC, enquanto ferramenta de trabalho, encontra-se neste momento descontinuado.