CONFERÊNCIA ANUAL APS 2023
"Emoção e Razão em tempos de incerteza – O Lugar da Ética no setor segurador”
Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, 3 de Julho de 2023
Intervenção do Presidente da Associação Portuguesa de Seguradores
Senhora Vereadora da Câmara Municipal do Porto
Senhora Presidente da Fundação Cupertino de Miranda
Senhoras e Senhores Conferencistas
Caros Associados e Convidados
Bem-vindos à Conferência Anual da APS.
Este ano optámos por um tema diferente, porventura inesperado, mas muito importante no contexto da indústria seguradora - “Emoção e Razão em tempos de incerteza – O Lugar da Ética no setor segurador”.
É consensual que os dados são a matéria-prima da indústria seguradora. O processamento da informação é essencial para esta atividade, faz parte do coração do negócio e é uma componente essencial do nosso setor.
Na última década o setor segurador tem procurado tornar-se mais relevante, disponibilizando produtos e oferecendo serviços com maior valor acrescentado aos seus clientes. Para isso tem trabalhado melhor a informação de que já dispõe, e hoje conhecem e compreendem melhor as expectativas, necessidades e ansiedades, dos clientes,. A utilização de dados por parte das seguradoras, tem vindo, assim, a evoluir de uma metodologia de análise do risco e de gestão de sinistros assente na observação e estudo estatístico, para metodologias assentes na utilização de ferramentas de inteligência artificial e em métodos preditivos.
A utilização de modelos preditivos e ferramentas de inteligência artificial no contexto do setor segurador, abrem assim novas oportunidades para criar produtos com preços e características ajustadas à necessidades e ansiedades dos consumidores, no tempo certo, essenciais para melhorar a experiência dos clientes.
Mas esta evolução na utilização dos dados, alavancada no potencial das novas tecnologias, e em especial, em áreas ligadas à saúde, trouxe novos desafios e novos dilemas e implicou um reforço na necessidade de agir de forma ética nesta era digital.
Confrontados com esta realidade que a evolução da sociedade nos coloca, há questões que nos devem fazer refletir:
- Como encontrar um equilíbrio entre o direito do individuo à sua privacidade e as necessidades especificas do sector segurador?
- Quais as fronteiras que devem ser respeitadas?
- Que recursos e metodologias devemos adotar, de forma a que o sector segurador continue a ser percecionado como um aliado crítico do consumidor na sociedade, sem que tal seja interpretado como uma ameaça aos seus direitos e valores?
Face a esta evolução, não agarrar a oportunidade que estas novas tecnologias disponibilizam, é colocar em risco a própria inovação, essencial para o desenvolvimento desta indústria e, no fim do dia, essencial para melhorar a capacidade de resposta às necessidades dos clientes, seja na fase de contratação de seguros, seja de tratamento de sinistros.
Mas não pode haver inovação a qualquer preço.
Esta inovação tem de assentar em códigos e valores éticos, pois só assim se consegue um impacto positivo para a comunidade de consumidores e no final do dia, na construção de sociedades mais resilientes.
E daí a importância deste tema hoje.
Vamos assim ter a oportunidade de debater sobre aqueles que são os dilemas éticos que hoje a sociedade em geral, e também o setor dos seguros, enfrenta num contexto político e social complexo, em que os populismos ganham espaço e em que a inteligência artificial ganha quotidianamente importância destacada em múltiplas áreas da nossa vida em sociedade. Isto, enquanto a sociedade em geral lida com os dilemas éticos associados aos avanços da medicina e da ciência.
Agradecendo desde já a participação de todos os oradores, desejo uma ótima conferência! Estou certo que, no final do dia de hoje, estaremos todos mais aptos e conscientes não apenas dos desafios que temos em mãos, mas também mais preparados para encontrar as melhores soluções para os enfrentar.
Muito obrigado
José Galamba de Oliveira
Presidente da APS