Lisboa, 19 de setembro de 2024
SEGUROS AJUDAM PORTUGUESES A ULTRAPASSAR MAIS RAPIDAMENTE DANOS CAUSADOS POR INCÊNDIOS E CATÁSTROFES
No espaço de um mês, o país assistiu a três eventos de gravidade assinalável:
- um incêndio num parque de estacionamento que atingiu mais de 200 veículos;
- um sismo, felizmente sem consequências de maior, mas que alertou consciências para a fragilidade de proteção das famílias e das empresas, caso as suas habitações e instalações sofressem danos;
- centenas de incêndios deflagraram no centro e norte do país, causando mortes e destruindo habitações, veículos e património diverso.
Todos estes eventos revelam a importância do seguro em momentos dramáticos na vida das pessoas e das empresas. Mas Portugal está ainda muito abaixo da média europeia em matéria de proteção através de seguros e há um caminho ainda a percorrer para tornar o país mais resiliente a estes eventos.
INCÊNDIO NO PRIOR VELHO
Decorrido pouco mais de um mês desde o incêndio que deflagrou num parque de estacionamento no Prior Velho em 16 de agosto, a maior parte dos lesados que acionaram a cobertura de incêndio do seguro automóvel, já viram a sua situação regularizada.
De acordo com os dados apurados, 232 viaturas afetadas por este incêndio tinham seguro automóvel e, destes, 154 tinham cobertura de incêndio, uma percentagem bastante superior à média do mercado.
Dos veículos com cobertura de incêndio, 117 sofreram perda total e 37 registaram perdas parciais.
O valor estimado das indemnizações devidas é superior a 3,6 milhões de euros, das quais já se encontram pagas mais de 2,3 milhões de euros.
O valor médio pago por veículo com perda total foi de quase 29 mil euros.
Estes valores deverão estar já próximos dos valores finais, pelo que não se efetuará nova atualização da informação.
INCÊNDIOS NO CENTRO E NORTE DO PAÍS
As seguradoras deslocaram de imediato equipas especiais para as regiões mais afetadas pelos incêndios, criaram linhas de apoio dedicadas e estão no terreno para apoiar os clientes com seguros.
Estão, também, preparadas para proceder rapidamente ao apuramento dos danos, logo que seja possível aceder aos locais atingidos pelos incêndios, e efetuar o pagamento das indemnizações devidas.
Não menos importante, estão também já a ser acionados os seguros dos bombeiros que tragicamente faleceram no combate aos incêndios e cujas famílias poderão contar com o apoio das seguradoras. Ainda há pouco mais de um ano, a APS propôs ao Governo de então, em nome do setor, uma melhoria da proteção dos bombeiros através dos seguros.
Como habitualmente, a APS fará o apuramento dos prejuízos causados cobertos por seguros.
Importa desde já alertar para a necessidade de se revisitar o tema dos seguros obrigatórios em caso de incêndio ou eventos de natureza catastrófica:
• A obrigatoriedade da contratação do seguro está limitada aos edifícios em propriedade horizontal. Apenas 50% das habitações têm seguro de incêndio. E mesmo nos edifícios em propriedade horizontal, obrigados a ter seguro, essa obrigação é frequentemente incumprida em relação a diversas frações dos edifícios. Seria importante alargar e reforçar do controlo da obrigação de segurar, desejavelmente, com a criação de uma base de dados das apólices de seguro em vigor.
• A obrigatoriedade de segurar, prevista no atual regime, cinge-se aos riscos de incêndio, raio e explosão, deixando a descoberto um conjunto de riscos que, pela sua gravidade ou extensão, podem afetar as habitações e os edifícios. É o caso de outros riscos habitualmente previstos na cobertura base dos seguros de multirriscos, como os de inundações, tempestades, danos por água ou o risco sísmico. Hoje assistimos, em Portugal, à devastação causada pelos incêndios, mas todos sabemos que essa devastação pode ser causada por tempestades, inundações, como as que estão a ocorrer na Europa Central, ou por um sismo.
• É frequente a existência de contratos em situação de infrasseguro, ou seja, em que o valor do capital seguro é inferior ao valor de reconstrução, que, recorde-se, deve ser indicado pelo tomador do seguro, que melhor conhece as características do imóvel.
Compreendendo a dificuldade que este exercício pode envolver, a Associação Portuguesa de Seguradores disponibiliza no seu site (www.apseguradores.pt) o Simulador do Custo de Reconstrução de Imóveis (SCRIM), uma ferramenta auxiliar que calcula o custo indicativo (mas não vinculativo) de reconstrução do imóvel.